O poeta Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu em 19 de janeiro de 1923, em Póvoa da Atalaia, no Fundão. (Faria hoje 91 anos.) Viveu em
Castelo Branco, Lisboa, Coimbra, onde terminou o liceu, e no Porto, onde
passou muitos anos da sua vida. Começou a escrever muito cedo, tendo
publicado o seu primeiro poema aos 16 anos, "Narciso". Da sua obra,
contam-se mais de vinte livros de poesia, vários livros em prosa e traduções de
textos de escritores estrangeiros. Podem consultar a sua bibliografia aqui.
Destacam-se ainda dois livros dedicados aos mais pequenos: "Aquela
nuvem e outra" e "A égua branca".
É considerado um dos maiores poetas portugueses contemporâneos, tendo recebido vários prémios, de entre os quais destacamos: o Grande
Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989); o Prémio Vida Literária, em 2000 (atribuído
pela APE); o Prémio
Camões (2001).
A 8 de Julho de 1982 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de
Sant'Iago da Espada (destina-se a distinguir o mérito literário, científico e
artístico). A 4 de fevereiro de 1989 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem
do Mérito.
A 22 de Março de 2005, foi distinguido, juntamente com a escritora Agustina
Bessa-Luís, com o doutoramento “Honoris Causa”, atribuído pela Universidade do
Porto durante a cerimónia do 94.º aniversário da sua fundação.
Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto.
Ilustração de Cristina Valadas |
Os Amigos
Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.
Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.
Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"
Convidamo-lo a assistir ao programa Ler+ Ler melhor , dedicado à obra que consagrou Eugénio de Andrade, As mãos e os frutos:
Partilhamos ainda "O Sorriso", pela voz do próprio Eugénio de Andrade:
O sorriso
Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de Andrade, in "O outro nome da terra"
Para saber mais sobre o poeta e a sua obra:
http://saldalingua.wordpress.com/category/galeria-de-eugenio/ (A propósito da obra de Eugénio de Andrade)
http://www.rtp.pt/rtpmemoria/?t=EUGENIO-DE-ANDRADE-O-POETA.rtp&article=946&visual=2&layout=5&tm=8 (2 documentários da RTP sobre Eugénio de Andrade)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Obras_de_Eug%C3%A9nio_de_Andrade (Bibliografia de Eugénio de Andrade)