Na verdade, o Saber não ocupa lugar, por isso, lê este resumo referente a uma obra de Gil Vicente de cariz intemporal!
( alunos do 9º ano- Escola Gualdim Pais)
Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente
O “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, um clássico da literatura, retrata a sociedade portuguesa do século XVI e ao mesmo tempo aborda temas
atuais, satirizando a sociedade.
O Auto é uma peça teatral, divida em cenas e atos, escrita em 1517. O cenário desta obra é um porto/cais onde se
encontram duas barcas, uma conduz as almas ao inferno e a outra ao paraíso, sendo uma guiada por
um Diabo e a outra por um Anjo.
O primeiro personagem na chegada e julgamento das almas é o Fidalgo,
representante da nobreza e do luxo, que em vida foi tirano e vivia de luxúria.
O Diabo diz que aquela é a sua barca e que ele deve entrar ali. Ele recusa-se e
diz que muitas pessoas rezam por ele. Ao pedir para entrar na barca do Anjo que
leva ao paraíso o seu pedido é negado devido aos pecados que cometeu. Ele
dirige-se, então, para a barca do inferno e tenta convencer o diabo a ver a sua
amada, porém o Diabo revela que ela o enganava.
O próximo personagem é o Onzeneiro, uma espécie de agiota da
época, ele tenta convencer o Anjo a deixá-lo ir para o paraíso mas o pedido é
negado pois ele foi ganancioso e avarento. Ele tenta subornar o diabo e diz que
quer voltar para apanhar toda a sua riqueza acumulada ao longo de décadas,
porém o pedido é recusado e ele entra na barca do inferno.
Seguidamente, vem Joane, o Parvo, que significa um tolo e inocente,
que vivia de forma simples. O Diabo tenta enganá-lo para entrar na barca, mas
quando ele descobre o destino corre para conversar com o Anjo que por fim
devido a sua humildade (falta de malícia) o autoriza a subir na barca.
A próxima alma a chegar é a do Sapateiro, que chega com todos
os seus instrumentos de trabalho. Ele julga-se trabalhador e inocente, por isso
pede ao Anjo para deixá-lo ir para o paraíso, o pedido porém é negado já que
ele roubou e enganou seus clientes. Ele acaba por entrar na barca do Diabo.
O quinto a chegar é o Frade, que segue em direção ao Anjo
convicto que por ser um membro da igreja ali é o seu lugar. Porém, como chega
com a sua amante e é condenado pelo Anjo por falso moralismo religioso, deve ir
para o inferno. Indignado ele segue aceita o seu destino.
Brízida Vaz é a próxima, uma alcoviteira que chega junto ao
Anjo com o argumento de possuir seiscentos virgos postiços, que seriam hímens.
Isso dá a entender que prostituía meninas virgens. Ela é condenada por bruxaria
e prostituição, e entra então na barca do Diabo.
Em seguida chega o Judeu, de nome Semifará, acompanhado de um
bode. Nem o Anjo ou o Diabo o quer em sua barca. Ele não pode chegar perto do Anjo
acusado de não aceitar o cristianismo, e então tenta convencer o Diabo a
levá-lo, que aceita com a condição que ele seria rebocado, tal como o bode, não
entrando dentro da barca. Esta é uma crítica ao movimento que acontecia na
época, em que muitos judeus foram expulsos de Portugal e os que ficaram
deveriam converter-se.
Por fim chegam os representantes da lei, um Corregedor e um Procurador,
que aparecem com seus livros e processos nas mãos e tentam argumentar a sua
entrada no céu. Porém são impedidos e acusados por manipular a justiça para o
bem próprio (deixavam - se subornar). Eles seguem para a barca do inferno, onde
parecem já conhecer a alcoviteira.
Os últimos a chegar são os Quatro Cavaleiros que lutaram e
morreram defendendo o cristianismo ( pelejando no norte de África), por isso
são perdoados dos seus pecados. Estes fazem um apelo aos mortais, alertando-os
de que aquele cais existe, logo devem levar uma vida correta, praticar boas
ações, de modo a terem uma vida eterna feliz. Estes são perdoados de todo o
mal, acabando por entrar na barca do Anjo.
(resumo Auto da Barca do Inferno,
de Gil Vicente) – texto adaptado